terça-feira, 11 de outubro de 2011

DROPS cultural

OS JUDEUS, O BRASIL E O AUTO DA BARCA DO INFERNO


Você sabia que, dentre os primeiros judeus a chegarem ao Brasil, partindo do Leste Europeu, boa parte deles era sapateiro?
Os  ASQUENAZES vieram fugindo da perseguição e da pobreza. E se depararam com uma liberdade que não tinham em seus países.
Chegaram por volta de 1905.

"A primeira onda migratória ocorreu quando um magnata, o barão Hirsch, comprou terras no Sul do País e cedeu para judeus que vinham em busca de uma vida melhor no Brasil", contextualiza, frisando que, com o tempo, a maior parte deles saiu da zona rural e se instalou em grandes cidades, como São Paulo. "Depois, nos anos 1930, um pouco antes de estourar a Segunda Guerra, houve uma grande população pré-holocausto. A terceira leva é a dos sobreviventes do holocausto e a quarta, quando se mudaram para o Brasil cerca de 200 pessoas, é de 1956, data da Revolução Húngara." 

Estima-se que vivam no Brasil 70 mil descendentes de asquenazes, judeus do Leste Europeu. Metade deles está em São Paulo. Parte de sua história será agora contada em livro, filme e exposição. Projetos do escritor e cineasta Marcio Pitliuk, um filho de asquenaze, eles serão lançados às 19h de hoje sob o título 100 Anos de Imigração Judaica do Leste Europeu.




DESDE O DESCOBRIMENTO




O Brasil foi palco para a primeira comunidade judaica estabelecida nas Américas. Com a expulsão dos judeus de Portugal, logo após a sua descoberta, judeus convertidos ao catolicismo (cristãos-novos) já se haviam estabelecido na nova colônia. Ao menos dois pisaram na terra quando Pedro Álvarez Cabral chegou em 1500, fazendo parte de sua tripulação: Mestre João, médico particular da Coroa Portuguesa e astrônomo; e Gaspar da Gama, intérprete (ajudara Vasco da Gama nas Índias (, onde vivia) e comandante da nau que trazia mantimentos.



Nos dez anos seguintes, outro judeu naufragou perto da costa brasileira e integrou-se aos indígenas: João Ramalho, que serviu de intérprete para novos portugueses que foram chegando. No mesmo período, Fernão de Noronha extraía pau-brasil da costa atlântica; as árvores ficariam conhecidas como "madeira judaica". Muitos judeus portugueses, procurando fugir da intolerância católica em Portugal,, viam no "novo mundo" a oportunidade de praticar livremente seu culto, incluindo-se aí os cristianizados que praticavam o judaísmo em segredo - os cristãos-novos. Martim Afonso de Souza era um dos cristãos-novos que chegaram ao Brasil no século XVI, como governante de uma das capitanias hereditárias.
Mais judeus pioneiros chegaram ao país na época das invasões holandesas no Brasil, em 1630, uma vez que compunham na Holanda uma comunidade tolerada, razão pela qual os holandeses foram bem recebidos pela comunidade judaica já estabelecida no Brasil. O Nordeste brasileiro ficou sob o domínio holandês por vinte e quatro anos e, neste período, muitos sefarditas se estabeleceram no país, principalmente em Recife, onde tornaram-se prósperos comerciantes e fundaram a primeira sinagoga das Américas. Com a expulsão dos holandeses, a maioria dos judeus estabelecidos no Brasil fugiram para os Países Baixos ou outras possessões holandesas, como as Antilhas e Nova Amsterdá, que posteriormente seria renomeada como Nova York após ser cedidas aos ingleses. Ali fundaram a primeira comunidade judaica dos Estados Unidos.
As últimas informações sobre a presença destes judeus ibéricos no Brasil datam de meados do século XVIII. Nessa época, com o desenvolvimento da mineração na colônia, milhares de portugueses se deslocaram para a região das Minas Gerais, entre eles, um número considerável de cristãos-novos. Através da Inquisição, muitos desses sefarditas foram julgados, enviados à Portugal e condenados à prisão. De fato, muitos desses cristãos-novos não mais mantinham ligações com o judaísmo, mas, por serem ricos comerciantes e mineiros, eram acusados de praticar judaísmo por seus inimigos e dificilmente se livravam das condenações da Inquisição.
No final do século XVIII, já não havia mais relatos sobre judeus no Brasil. Todos haviam saído da colônia ou se convertido ao Cristianismo, o que faz com que muitos brasileiros possuam, mesmo sem saber, origens em judeus portugueses.


Kahal Zur Israel, primeira sinagoga das Américas, no Recife....


A LENDA - origem mitológia da diáspora judaica...

Judeu Errante, também chamado Ahsverus ou Ahsuerus, ou Samuel Belibet é um personagem mítico, que faz parte das tradições orais cristãs. Tratar-se-ia de um contemporâneo de Jesus Cristo, habitante de Jerusalém; ali, trabalhava, num cortume, ou oficina de sapateiro, que ficava numa das ruas por onde os condenados à morte por crucificação passavam carregando suas cruzes. Na sexta-feira da paixão, Jesus Cristo, passando por aquele mesmo caminho carregando sua cruz, foi importunado com ironias, ou agredido verbal ou fisicamente, pelo coureiro Ahsverus. Jesus, então, o teria amaldiçoado, condenando-o a vagar pelo mundo, sem nunca morrer, até a sua volta, no final dos tempos.

                                                        ( O Judeu Errante - Gustav Doré )


Acredita-se que houve três Judeus errantes, Catáfilo, porteiro de Pilatos, Samé que fundiu o bezerro de ouro, e Samuel Belibet, sapateiro e negou água a cristo.

Nos primeiros tempos da expansão do islamismo houve o boato, entre os conquistadores árabes da Síria, de que o tal Judeu Errante havia sido de fato, encontrado em Damasco. Séculos mais tarde, o boato ressurgiu na Península Ibérica, onde um certo Juan Esperendios ("espera em Deus") seria esse personagem. Na Itália medieval dizia-se que o Judeu Errante atendia pelo nome de Giovanni Buttadeo ("o que bate em Deus") e na Alemanha, no século XVI, um bispo de Hamburgo afirmou ter conhecido o Judeu Errante pessoalmente, tendo inclusive sido publicado, anos mais tarde, o suposto diálogo do bispo com o Judeu.
A expressão popular "onde Judas perdeu as botas" seria uma alusão ao Judeu Errante e à sua profissão de sapateiro.

O BODE EXPIATÓRIO

bode expiatório era um animal que era apartado do rebanho e deixado só na natureza selvagem como parte das cerimônias hebraicas do Yom Kippur, o Dia da Expiação, a época do Templo de Jerusalém. Este rito é descrito na Bíblia  em Levítico, capítulo 16.

Na torá

Dois bodes eram levados, juntamente a um touro, ao lugar de sacrifício, como parte dos Korbanot do Templo de Jerusalém. No templo os sacerdotes sorteavam um dos bodes. Um era queimado em holocausto no altar de sacrifício com o touro. O segundo tornava-se o bode expiatório, pois o sacerdote punha suas mãos sobre a cabeça do animal e confessava os pecados do povo de Israel. Posteriormente, o bode era deixado ao relento na natureza selvagem, levando consigo os pecados de toda a gente, para ser reclamado pelo anjo caído Azazel.

A Visão Cristã

Na teologia cristá, a história do bode expiatório no Levítico é interpretada como uma prefiguração simbólica do auto-sacrifício de Jesus, que chama a si os pecados da Humanidade, tendo sido expulso da cidade sob ordem dos sacerdotes.

O judeu é um dos personagens que chegam no porto imaginário, para o julgamento post mortem, e tem seus pecados expiados, no espetáculo O AUTO DA BARCA DO INFERNO, de  Gil Vicente. , cuja versão o GRUPO DE TEATRO RIA mantém em cartaz até o final de novembro. O ator Rogério LIma interpreta o personagem que se apresenta para o julgamento, trazendo nos ombros um bode.



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