quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Rio de Janeiro, 30 de setembro de 1908 - CORREIO DA MANHÃ

Correio da Manhã – Rio de Janeiro, Quarta-feira, 30 de setembro de 1908 - Pág. 02. 
  

Morreu Machado de Assis. Perde a nossa língua um dos seus mais vigorosos e profundos escritores. 
Com ele desaparece a mais leve e a mais encantadora das nossas prosas, a mais completa e a mais perfeita das organizações literárias que possuímos. 
Poeta, romancista, dramaturgo e jornalista, era Machado de Assis o tipo culminante e o mais simpático do nosso mundo de letras. 
Sua perda é irreparável. Num país como o nosso, já tão pobre de espíritos brilhantes como o seu, esse desaparecimento é mais importante do que parece. 
Finda com o Memorial dos Aires o ciclo glorioso da sua obra, livro recente e a cujo sucesso literário ainda ele pôde assistir nas vésperas da morte. 
Não mais nos será dado ler novos primores da pena que escreveu Quincas Borba e D.Casmurro. Machado de Assis desaparece e embora cubram-lhe  a tumba de flores, e a sua memória da mais profunda saudade, do seu estro só nos restará a lembrança que nos seus livros, no entanto, palpitará sempre luminosa e forte como um sol.                                                           

 (Manteve-se os “aparentes” erros do texto do jornal)


Quem entrasse, às 4 horas, no Garnier havia de ver, invariavelmente, um homem pequeno, franzino, de barba curta e quase branca, sempre numa das cadeiras que correm a fila das brochuras francesas, entre as pernas um indefectível guarda-chuva. 
Tinha um ar cansado, si bem que a filosofia lhe sorrisse todas às vezes que um chapéu se erguesse ou uma mão apertasse a sua, sempre com grande interesse e respeito. 
Era Machado de Assis. 
Fechada a sua repartição, subia ele Ouvidor acima, caminho do Garnier, àquela mesma hora sempre, com o seu passo rítmico e nervoso de quem vai ao cumprimento de um dever sagrado. 
Entrava de chapéu na mão, porque todos se descobriram à sua passagem e depois de relancear a vista pelas lombadas dos livros  expostos, procurava a sua cadeira e punha-se a folhear uma brochura qualquer, sempre com um grande ar de abstração e tristeza. 
Mas iam chegando, lentamente, os grupos, as mãos que se lhe estendiam, as frases que indagavam pela sua saúde, e ele, sempre  muito risonho, muito tímido, no meio daqueles homens que o cercavam era como uma criança mimada, querida, bajulada. 
Um verdadeiro enternecimento.  
E velhos e novos, acadêmicos e poetas que surgissem, óculos e cabeleiras, cercavamno com interesse, com curiosidade ou admiração. 
De toda a grande nave da livraria, era a  figura mais querida, a mais vista e a mais admirada. Dizia-se – o mestre; olhava-se a sua cabeça branca quando ele se descobria, com 
veneração, como que a dizer baixinho – aquele foi o que escreveu Brás Cubas... 
Estranha e original organização que não  pode ter um relevo merecido nestas linhas escritas ao correr da pena. 
Era um modesto e um generoso. Duas revelações superiores do seu espírito. 
Detestava a  reclame, a efusão encomiástica da frase dos outros sobre as suas obras; sorria quase dolorosamente quando lhe diziam que era o maior dos nossos homens de letras. 
Uma modéstia verdadeiramente mórbida. 
Não dizia jamais os seus projetos literários, sempre dentro da maior reserva, mesmo para com os seus íntimos. Entregava os originais dos seus livros às escondidas, pedia que nada se dissesse aos jornais e da sua obra só se vinha a saber, quando aparecia na montra das livrarias, e se azafamavam os caixeiros em vender edições que se esgotavam rapidamente. 
De uma generosidade absoluta, odiava a  polêmica, aceitava a todos, a todos sorria, confundindo no mesmo olhar de simpatia o seu maior amigo e o seu maior inimigo. Da sua boca raro saía uma palavra má, ou de censura para um homem ou para uma coisa. Verdade que as suas afirmações eram raras e grande, enorme, a sua reserva. 
Sente-se isso em toda a sua obra. 
Dificilmente afirmava. 
Dir-se-ia guardar sempre um julgamento posterior para o julgamento por ele próprio afirmado. 
Perguntassem-lhe, por exemplo, sobre a superioridade do poeta A sobre o poeta B, ele 
dizia: 
- A é muito bom, porém muito bom também é B. Ambos são muito bons; daí, talvez, ambos não valham nada... 
Dizem que sempre foi assim, Machado de Assis. 
A última vez que o vimos e que indagamos pela sua saúde já ferida de morte: 
- Mestre, então, vai melhor? 
Ele respondeu: 
- Não sei. Já me senti muito mal, porém parece que não estou melhor. Dizem os médicos que isso é sem cuidado. Não sei se deva crer nos médicos. 
Ainda o mesmo, caminho da morte, com quase setenta anos, com seu eterno temor de nada afirmar, como que se tudo nesta terra não merecesse nem uma certeza nem uma afirmação. 


Dados Biográficos 

Machado de Assis era filho de Francisco José de Assis e d. Maria Leopoldina de Assis e nasceu no Rio de Janeiro a 21 de junho de 1839. 
Vocação decidida para as letras, exerceu arte tipográfica na Imprensa Nacional, onde serviu de 1856 [?] a 1858 [?]. 
Já vantajosamente conhecido como distinto literato, foi, na reforma da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas em 1873[?], nomeado primeiro oficial nesta secretaria, hoje da Indústria, Viação e Obras  Públicas, onde exercia o cargo de diretor da diretoria do comércio, tendo em 1878 feito parte da comissão incumbida de organizar a reforma da legislação das terras. Em 1878 foi também nomeado para a comissão encarregada de organizar o [ilegível] técnico da marinha. 
Foi membro do Conservatório Dramático, de várias associações de letras e oficial da ordem da Rosa. 
Escreveu as seguintes obras: – Queda que as mulheres têm para os tolos. Tradução do Francês. Rio de Janeiro, 1861 [?]. 43 págs. [ilegível] da atual literatura brasileira; – No Novo Mundo, de março de 1873 [?]; – [ilegível] para uso dos mestres-escolas; pelo dr. Gallard. Rio de Janeiro, 1873 [?], 83 págs, [ilegível]; – São quatro conferências com eliminação do que sendo privativo à França, não podia adaptar-se ao Brasil e foram antes publicadas na revista A Instrução Pública; – Ministério da Agricultura. Terras: compilação para estudo. Rio de Janeiro, 1886 [?]: – Desencantos: fantasia dramática. Rio de Janeiro, 1861, 76[?] págs, in-S; – Teatro de Machado de Assis. Volume 1. Rio de Janeiro, 1863. VIII – 83 págs, in-S. Contém 
esse volume:  O caminho da porta, comédia em um ato, apresentada pela primeira vez no Ateneu Dramático em setembro de 1862 e O protocolo, comédia em um ato, representada no mesmo teatro em novembro do dito ano. É precedido de uma carta de Quintino Bocayuva; – Quase ministro, comédia em um ato. Foi publicada no Almanak Ilustrado da  Semana Ilustrada para 1864. Rio de Janeiro, 1864, de págs 9 a 33, e depois em volume, em 186 [?]; – Os deuses de casaca, comédia em um ato com um prólogo e um epílogo em verso alexandrino, representada pela primeira vez  a 28 [?] de dezembro de 186[?] na Sociedade Arcádia Fluminense. Rio de Janeiro, 1866, VIII – 59 págs. In-S. É oferecida ao conselheiro 
[ilegível] F. de Castilho fundador  e presidente desta sociedade; –  Tu só tu, puro amor, comédia em um ato. Rio de Janeiro, 1881, VII – 71 págs, in-S. – Foi  escrita especialmente e representada por ocasião do tricentenário de Camões. Dela se fez uma edição nítida de cem exemplares enumerados. Foi publicada antes na Revista Brasileira, volume [ilegível], 1880 [?], págs 31 a 70; – Crisálidas, poesias com um prefácio do dr. Caetano Filgueiras. Rio de Janeiro, 186[?], 178 [?] págs, in-S; –  Falenas, poesias, Paris 1870, 216 págs, in-S; – Americanas, poesias. Rio de Janeiro, 1875, 219 pags, in-8; – A derradeira  [ilegível], poesia 
publicada no livro Marquez de Pombal, obra comemorativa do centenário de sua morte; – O trabalhadores do mar Hugo. Rio de Janeiro, 1866, três volumes de 230, 232 e 203 [?] págs, n-8. É um romance traduzido para o Diário do Rio de Janeiro onde foi primeiramente publicado desde 16 de março deste ano, ao mesmo tempo que se publicava a obra em Paris e quando outra tradução se fazia em Lisboa; –  Contos Fluminenses: “Miss Dólar”, “Luiz Sans”, “A mulher de preto”, “O Segredo de Augusto”, “Confissão de uma moça”, “Frei Simão”, “Linhas retas e curvas”. Paris. [ilegível] 375 págs. In-8; – Ressurreição – Romance. Rio de Janeiro. 1872, 215 págs. In-S; – Helena: romance. Rio de Janeiro (sem dat). 330 págs. In-S – Saiu em folhetim no periódico O Globo: – Histórias de meia noite. Rio de Janeiro. 1873[?], 235 págs. In-S; – Iaiá Garcia: romance. Rio de Janeiro; – Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de 
Janeiro, 1881, 396 págs. In - 8: –  Foram dadas à publicidade antes na  Revista Brasileira, 1880, vol. 3, pág 373 [?]; vol. 1, págs 5 – [ilegível], 167 [?], 233 e 293 [?], vol 5, págs [ilegível]; – Papéis avulsos. São doze contos; – Histórias sem data. Rio de Janeiro, 1881, 279 págs, in-S: São pequenas histórias ou contos, a saber: “A igreja do diabo”, [ilegível], “Último capítulo”, “Cantiga de Esperança”, “Uma senhora”, “Singular ocorrência”, “Fulano”, “Capítulo dos chapéus”, “Galeria póstuma”,  “Canto Alexadrino”, “[ilegível] anedota pecuniária”, “A segunda vida”, [ilegível], “Manuscrito de um sacristão”, “As academias de Sião”, “Noite de Almirante” e “A senhora do Galvão”; – A mão e a luva, romance. Rio de 
Janeiro; – Quincas Borba. Rio de Janeiro, 189[?]; – Várias Histórias. Rio de Janeiro, 1893. São vários contos, a saber: “A cartomante”,  “Entre Santos”, “Uns braços”, “Um Homem célebre” e “A causa secreta”; –  As bodas de Joaninha. Zarzuela em um ato, cantada pela primeira vez na ópera nacional em 1861; – Os descontentes, comédia de Racine – [ilegível] – comédia em três atos; – O Barbeiro de Sevilha, comédia de Beaumarchais, em quatro atos. [ilegível]; – O anjo da meia-noite, comédia, 1866; – O suplício de uma mulher, drama em três atos, de E. Giardin. 1866; – “[ilegível]”, comédia de Octavio Feuillet; – A família Benoiton, comédia em cinco atos, de Victorien [ilegível], representada pela primeira vez no Ginásio 
Dramático a 2 de maio de 1867; – Não consultes médico, comédia representada no Cassino Fluminense. Colaborou para vários periódicos e revistas como a  Marmota Fluminense,  O futuro, a  Gazeta de Notícias,  O Cruzeiro, onde escreveu folhetins com o pseudônimo de Eleasar, a  Semana Ilustrada, o Arquivo Popular e a  Ilustração Brasileira onde escreveu as crônicas quinzenais, assinadas por Manassé. Fez finalmente parte da redação do Diário do Rio de Janeiro, e redigiu: –  O Espelho, folha periódica, política e crítica dos teatros. Rio de Janeiro, 1870, in – [ilegível]  Dom Casmurro,  Páginas recolhidas,  Poesias completas, Relíquias de casa velha e Esaú e Jacó. 
A sua última obra foi Memorial de Aires.*    
   
                                                          

  O corpo 

A morte não alterou as feições do ilustre romancista. O corpo de Machado de Assis foi colocado em um caixão de primeira classe, às 5  horas da tarde na sala da frente do prédio número 18, da rua do Cosme Velho, pelos senhores Dr. Graça Aranha, Armando Araujo, Ariosto Braga, Mario Alencar, Paulo Tavares e Arthur Azevedo, sendo espalhado sobre o seu cadáver muitas flores naturais. 
Essa piedosa homenagem foi feita por senhoras da vizinhança e da amizade do extinto, as quais assim perfumavam aquele ambiente de dor e de luto.


O enterro 

Às 7 ½ horas da noite, precisamente, foi transportado o caixão para um coche de primeira classe que seguiu em direção à Academia de Letras, de que o ilustre extinto era presidente. 
Tomaram das alças do caixão as senhoras Guiomar Schimdt de Vasconcellos, baronesa de Vasconcellos, Fausta Pinto da Costa, Cecilia Pinto da Costa, Regina Pinto da Costa, Maria Luiza Pinto da Costa, Fanny Martins Ribeiro de Araujo e Alcina Matias Ribeiro. 
Acompanharam o cortejo fúnebre os senhores Dr. Graça Aranha, Arthur Azevedo, Paulo Tavares, comendador Marinhas, Antonio Sampaio, Frederico Souza e outros. 


Estiveram presentes: Barão e baronesa de Vasconcellos, Mario  de Alencar, dr. Afranio Peixoto, família 
Emilio Maia, Alfredo Ford, Joaquim Medrado, Mario Antonio da Costa, dr. A. M. Marinhas, Afranio Antonio da Costa, Mario de Lima Barbosa, dr. Leite e Amaral, dr. Jayme de Vasconcellos, dr. Armando de Araujo e  senhora, Ariosto Braga, dr. Miguel Couto, dr. Alfredo de Andrade, Arthur Azevedo, major  Bernardo de Oliveira, Coelho Neto, Rodrigo Octavio, dr. Carlos Peixoto, presidente da Câmara dos Deputados Gomes da Silva, Alvaro Peres, pela Companhia Dramática Brasileira  da Exposição, d. Julia Lopes, Luiz Honorio, Alvaro Paes, Arthur Marques, Victor Rossigneux e Frederico Souza, representando o dr. Oscar de Souza e muitas outras pessoas.


 Carvalho de Tasso 

O dr. Joaquim Nabuco recebeu do síndico da localidade onde está o Carvalho de Tasso, como presente, uma artística caixa de  cedro contendo um ramo da [ilegível]. O dr. Joaquim Nabuco [ilegível] presente a Machado de Assis. Isto em 12 de abril de [ilegível]. O ilustre diplomata escreveu a seguinte carta ao dr. Graça Aranha: 
“Meu caro amigo – O que vai nessa caixa é um ramo do carvalho de Tasso, que lhe mando para oferecer a Machado de Assis do modo que lhe parecer mais simbólico. 
O melhor é talvez que a Academia lho  ofereça, mas quando e como, são problemas para o senhor resolver. As palavras [ilegível]”. 
Machado de Assis, sentindo que ia morrer, escreveu uma carta a Mario de Alencar, na qual lhe pedia que quando deixasse de existir, entregasse aquela caixa a Academia de Letras.



Certidão de óbito 

A certidão de óbito do ilustre morto é a seguinte:

Olympio da Silva Pereira, oficial do registro civil e escrivão vitalício da 6ª pretoria do Distrito Federal, em 29 de setembro de 1908 – Certifico que do livro de registro de óbitos sob número cinqüenta e dois consta a folha 63, o registro de óbito de Joaquim Maria Machado de Assis: idade 69 anos, viúvo, natural desta capital, funcionário público, cor branca, falecido de arterio-clerose, às 3 e 20 horas da manhã do dia 29  de setembro de 1908 a residência do próprio finado rua Cosme Velho nº 18 [?]. Deixou testamento. 


A câmara ardente 


Não é verdadeiramente uma câmara ardente a  antiga secretaria do presidente da Academia Brasileira. A sala está transformada [ilegível]. 
O catafalco erguido no centro da sala está coberto com pesada colcha de veludo preto com bordados a ouro simbólicos. 
Na parede fronteira à entrada da sala foi erguida uma capela, cujo fundo é de lágrimas e frisos de ouro, bordados a seda. 
O teto tem uma grande aranha de veludo, em diagonal. 
                                                          
* Estava grafado assim no jornal. Certamente refere-se à arteriosclerose. As sedas, os símbolos e todo o material da essa é novo e não usado em enterros comuns. 
Para isso tem a Santa Casa de misericórdia um serviço especial reservado para casos extraordinários. 
O chão também está forrado de veludo preto até à entrada do edifício. 

                                                 


Notas 


Foram passados telegramas aos acadêmicos ausentes: 
Joaquim Nabuco, Aloysio Azevedo, Magalhães, Medeiros e Albuquerque, Oliveira Lima, [ilegível] da Gama e Guglielmo Ferrero, membros no estrangeiro, da Academia de Letras Brasileira. 
– Os acadêmicos velarão alternadamente durante a noite e dia o cadáver do pranteado homem de letras até ao momento do enterro, amanhã, às 4 horas da tarde. 
– A escritora d. Julia Lopes de Almeida depositou sobre o caixão de Machado de Assis num bouquet de flores naturais.  
– Como uma homenagem prestada a memória do eminente literato dr. Machado de Assis, o Instituto Affonso Penna suspendeu ontem as suas aulas. 
O dr. Carlos de Novaes, em eloqüentes frases, enalteceu os méritos do distinto finado, mostrando quanto era grande a perda para a literatura nacional. 
– Pelo dr. Graça Aranha, o ministro do interior recebeu comunicação do falecimento do literato Machado de Assis. 
O dr. Tavares de Lyra declarou haver resolvido que os funerais de Machado de Assis fossem por conta do Estado. 
– O coronel Souza Aguiar, comandante do Corpo de Bombeiros, em companhia de uma comissão de oficiais, assistirá no enterro de Machado de Assis, fazendo-se acompanhar 
da banda do mesmo corpo.
*
  
FIM 
                                                          
*
 Texto sem identificação no jornal.

DIA 29 DE SETEMBRO, morria o BRUXO DO COSME VELHO

Às 3h20m 29 de setembro de 1908 na casa de Cosme Velho, Machado de Assis morre aos sessenta e nove anos de idade com uma úlcera cancerosa na boca,  sua certidão de óbito, relata que morrera de arteriosclerose generalizada, incluindo esclerose cerebral, o que, para alguns, figura questionável pelo motivo de mostrar-se lúcido nas últimas cartas já relatadas. Ao geral, teve uma morte tranquila, cercado pelos companheiros mais íntimos que havia feito no Rio de Janeiro: Mário de Alencar, José Veríssimo, Coelho Neto, Euclides da Cunha. O   Jornal do Comércio, no mesmo ano do falecimento, publicou: "Na noite em que faleceu Machado de Assis, quem penetrasse na vivenda do poeta, em Laranjeiras, não acreditaria que estivesse tão próximo o desenlace de sua enfermidade" Euclides ainda escreveu: "Na sala de jantar, para onde dizia o quarto do querido mestre, um grupo de senhoras – ontem meninas que ele carregara no colo, hoje nobilíssimas mães de família – comentavam-lhe os lances encantadores da vida e reliam-lhe antigos versos, ainda inéditos, avaramente guardados em álbuns caprichosos."


Estudantes e amigos conduzem o corpo de Machado até o Cemitério São João Batista

Em nome da Academia Brasileira de LetrasRui Barbosa encarregou-se de fazer-lhe o elogio fúnebre. Relatou Nélida Piñon, "cercava-se de flores, círios de prata e lágrimas discretas." O rosto estava coberto por um lenço de cambraia e eram muitas pessoas presentes. Diversas pessoas, entre elas vizinhos, e companheiros de rodas intelectuais, ou amigos, ou colegas com que trabalhou, encheram o saguão. No mesmo discurso, Nélida comparou a despedida do autor como Paris que seguia o cortejo de Victor Hugo. De fato, uma multidão saía da Academia e sustentava o caixão do autor até o Cemitério São João Batista, enquanto outros acompanhavam de carro.  
Em Lisboa, todos os jornais da cidade publicaram uma biografia de Machado de Assis, anunciando sua morte. Em 21 de abril de 1999, os restos mortais do casal foram transladados para o Mausoléu da Academia, no mesmo cemitério,  onde também estão os restos de personalidades como João Cabral de Melo NetoDarcy Ribeiro e Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.






É, meus alunos vestibulosos, deste país '' sem nome'', uma terra sem memória, é uma terra sem história...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ainda intertextualizando Vidas Secas a João Cabral de Melo Neto

É bem certo que nas postagens anteriores, demo-nos ao luxo de homenagear Clarice Lispector, mas se o leitor cibernético que nos acompanha percebeu, foi por termos aproximado Vidas Secas de Graciliano Ramos a Macabéa de A Hora da Estrela.
É inevitável... Clarice é um bruxa que nos envolve.
Mas, contudo, todavida, porém, o intuito era e é abrir um leque maior de textos e obras paralelas, que levem o leitor a entender o mundo do sertanejo nordestino, do homem esquecido, de sina, do divino.
E João Cabral, tem que ser relembrado sempre, não só pelo motivo que apresentamos acima, mas pela genialidade da forma, em busca da palavra exata e do entendimento do homem brasileiro, lá de cima.




Para saber um pouco mais de João Cabral...
Estivemos despejando imagens e vídeos, sabendo que talvez sejam elementos importantes para o entendimento moderno. Somos '' imagem '' demais. Leitura de menos.  Então, experimentar novas linguagens e formas que fujam da forma, podem ser caminhos criativos para um entendimento. Bons estudos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

De onde vem CLARICE

CLARICE LISPECTOR - colóquio internacional em Paris


''Veio de um mistério, partiu para outro
Ficamos sem saber a essência do mistério.
Ou o mistério não era essencial,
Era Clarice viajando nele.''
(Carlos Drummond de Andrade)





O colóquio aconteceu nos dias 12, 13 e 14 de maio, reunindo os mais diversos especialistas em literatura do mundo.
Foram estudadas sua  biografia, as principais etapas de sua produção e a análise de sua obra sob as diferentes perspectivas filosóficas  que a relacionam a nomes como SPINOZA, DELLEUZE, LÉVINAS, BARTHES BUTLER, entre outros.

BENJAMIN MOSER diz...

Benjamin Moser, autor norte americano, nega que Meryl Streep será Clarice Lispector no cinema.

" Gente , sinto muito mas  a informação não é verdadeira. Queria que fosse, mas não é. "

Pois é, que pena! Ficamos na espreita para saber quem protagonizará o filme.

domingo, 4 de setembro de 2011

Clarice Lispector

Não dá para falar de Vidas Secas, sem lembrarmos de Macabéa, e, consequentemente, de Clarice Lispector.
É importante, muito mais que intertextualizar,  é compreender que mistérios tem  Clarice.
Fica aqui a homenagem do Grupo Ria que tem em seu repertório próprio A HORA DA ESTRELA, adaptado por José Paulo Rosa, dirigido por Antonio Ribeiro.

Clarice ainda merece nosso esforço para compreendê-la. Veja abaixo os apontamentos de Benjamin Moser. Uma das mais belas biografias da autora.
O que talvez tenha feito o mundo conhecer nossa autora. Aliás a atriz Meryl Streep irá viver Clarice no cinema. Que maravilha, hein? E aqui, somos obrigados a lê-la.
Veja abaixo Benjamin Moser no programa entrelinhas da TV Cultura e a seguir, trechos de sua derradeira entrevista também à TV Cultura em 1977,  e  uma homenagem.





E então, deixamos aqui, a partir da intertextualidade entre Vidas Secas e A Hora da Estrela, um beijo  direto na memória nossa de cada linha, lida, de ou sobre Clarice Lispector. Em cada linha, pois se não houver nenhum outro mundo onde ela esteja com todos os outros, estará ainda, dentro de nossas leituras.
Vale Antonio Abujamra, provocando em seu programa, com um texto de Clarice, para explicar o inexplicável. 

AVE CLARICE BRUXA LISPECTOR





VIDAS SECAS VIDAS OUTRAS...



Em cartaz.
Você que ainda não viu, venha ver. Vale conferir a produção do Grupo de Teatro Ria, a leitura de José Paulo Rosa, do clássico de Graciliano Ramos....

sábado, 3 de setembro de 2011

SERÁ ESTE ANO, FINALMENTE?







" Pois é, eu testei mais ou menos 1.200, todos vindos de Ongs de Salvador, e depois selecionei pessoalmente 90, que fizeram uma oficina de dois meses, diária. Desses 90 eu selecionei os 12 principais. Os outros participaram do filme como elenco de apoio, como figurantes, de alguma forma. " ( Cecilia Amado para a Folha On Line Setembro de 2011 )



Foi aos 14 anos que a carioca Cecília Amado leu pela primeira vez aquela que considera “a mais cinematográfica” das obras de seu avô, “Capitães da areia”. “Foi o livro que marcou minha adolescência. Ficava imaginando aquela molecada correndo pelas ruas de Salvador, dormindo na praia... Lia cada capítulo com a sensação de que estava assistindo a um filme”, conta.


A cineasta durante as filmagens em 2008

Agora, aos 33, a neta cineasta de Jorge Amado (1912-2001) coloca em prática as impressões da juventude e leva às telas um dos romances mais famosos do escritor baiano. Em fase de pós-produção, “Capitães da areia” tem estreia prevista nos cinemas para 12 de novembro.
Lembramos que a estréia prevista era para novembro do ano passado (2010). 
Pelo visto parece que a diretora não conseguiu recursos para distribuí-lo.

Que vergonha e falta de respeito com a memória dos grandes autores brasileiros, né?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Por onde andará o líder líbio?

As forças rebeldes avançam na direção da cidade de Sirta, local de nascimento de Muamar Kadafi, apesar a extensão do prazo final para a rendição da cidade, informaram autoridades rebeldes nesta sexta-feira, enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) advertia que a Líbia enfrenta sérios problemas de abastecimento de água potável, comida e outros materiais.
Embora os combates tenham diminuído muito na Líbia, incluindo na capital Trípoli, os seis meses de guerra civil prejudicaram as linhas de fornecimento e danificaram a infraestrutura em todo o país. Segundo o coordenador humanitário da ONU para a Líbia, Panos Moumtzis, nos últimos dias algumas agências da ONU retornaram a Trípoli.
A organização levou 11 milhões de garrafas de água e vai levar 600 toneladas de comida e o equivalente a ? 100 milhões (US$ 140 milhões) em medicamentos para o país, mas afirma esperar que a ajuda da ONU seja temporária. "Este país tem uma série de recursos e nós vemos as necessidades humanitárias como de curto prazo", disse ele sobre o país, rico em petróleo, que tem 6 milhões de habitantes. "Eu não vejo o programa humanitário indo além do final do ano, no máximo."
O porta-voz do conselho rebelde, Abdel-Hafiz Ghoga, disse que apesar a extensão do prazo para a rendição - os rebeldes haviam ordenado anteriormente que Sirta se rendesse até sábado, mas prorrogaram o prazo até 10 de setembro - as forças rebeldes não pararam de avançar. Os soldados rebeldes investiram na direção da cidade de Wadi Hawarah, a cerca de 50 quilômetros de Sirta, disse ele.
"Os rebeldes na linha de frente estão muito ansiosos para se movimentarem sem demora. Eles vivem em condições muito duras no meio do deserto, com clima muito quente", disse ele, acrescentando que os rebeldes preferem a rendição a um ataque sangrento. "Talvez amanhã, ou no dia seguinte, o povo de Sirta levante a bandeira da independência e possamos entrar pacificamente sem luta."
"Um semana não é grande coisa", disse ele, acrescentando que as conversações continuam com anciãos tribais de Sirta.
Outro comandante rebelde disse que as forças leais dentro de Sirta estão divididas, com um capo liderado por Muatassim, filho de Kadafi, e o outro por anciãos tribais. "Foram os anciãos das tribos de Sirta que pediram a extensão do prazo até que consigam resolver a situação pacificamente", disse Fadl-Allah Haroun. 

As informações são da Associated Press.

Portanto, este mero mortal aqui, pergunta e supõe:

POR ONDE ANDARÁ KADAFI? Do jeito que as coisas andam, talvez ele esteja numa praia paradisíaca do nordeste brasileiro, tomando refresco natural de frutas e gaiteando as meninas em troca de uns mirrados reais...
Ops! brincadeirinha gente. Kadafi está, no mínimo onde todos já supuseram. Urge apenas que seja capturado e exposto como um troféu pelos americanos ou as tropas da OTAN.

ALGUMAS QUESTÕES SOBRE O DITADOR LÍBIO

Grafia

O nome do líder líbio é escrito de várias maneiras diferentes devido a dificuldades da transliteração da língua árabe[3] e também da pronúncia regional da Líbia. As muitas grafias possíveis no alfabeto latino são, para o primeiro nome, Muamar (aportuguesamento),MuammarMu'ammar e Moammar e, para o sobrenome, Cadáfi (aportuguesamento), KadafiGadhafial-Khaddafial-Qadhafi e al-Khadafi. O próprio comandante líbio parece preferir Moammar El-GadhafiMuammar Gadafi ou al-Gathafi.[carece de fontes]

Biografia


Gaddafi, pertencente a uma tradicional família líbia, teria nascido em uma tenda no deserto líbio, próximo à cidade líbia de Surt ou Sirte(norte). Teve contato com beduínos comerciantes que viajavam pela região de Surt, com quem adquiriu e formou suas precoces posições políticas.
Ainda criança, Gaddafi foi enviado à uma rígida escola, onde passou anos longe de seus pais. Lá destacou-se em matemáticaliteraturageografia.


Logo após o golpe de estado, Al Magrabbi sai de cena e Qadhafi, como líder da revolução líbia, com a patente de coronel, toma o poder, substituindo o príncipe regente Ridah e o rei ausente (licenciado para fins médicos na Grécia e no Egito), Ídris I, tio de Ridah.
Depois de terminar a primeira etapa de seus estudos, Gaddafi, aos 17 anos, iniciou a carreira militar. Integrou a Academia Militar deBenghazi, segunda principal cidade do país, e também integrou a Real Academia Militar de Sandhurst, na Inglaterra.No primeiro ano do curso superior formou um clube de opositores ao governo de Idris I, que cada vez mais vinha autorizando a entrada de americanos na Líbia, decisões que Gaddafi abominava.

Tomada do poder

No ano de 1969 o governo de Idris I passava por uma crise de impopularidade, pois grandes quantidades de petróleo líbio estavam sendo utilizadas pelos Estados Unidos, sem qualquer compensação à Líbia. Admirador do líder egípcio e nacionalista árabe Gamal Abdel Nasser, Muammar al-Gadhafi, aos 27 anos de idade, foi naquele membro das tropas revolucionárias que tomaram o governo do país, no dia 1º de setembro de 1969, tendo como líder Mahmud Sulayman al-Maghribi. Coronéis do exército líbio invadiram Trípoli e obrigaram Idris a renunciar
Pouco tempo depois, em 1970, morre Gamal Abdel Nasser. Inconformado, Gaddafi começou a patrocinar e apoiar todos grupos, países e facções anti-americanas ou antiisraelenses de que tinha conhecimento, entre eles os Panteras Negras, o Fatah e alguns países doOriente Médio, tentando dar continuidade ao trabalho de Nasser, que tanto admirara. Gaddafi teve, inclusive, ligação direta com omassacre de Munique, realizado no dia 5 de setembro de 1972, durante os Jogos Olímpicos , patrocinando e dando cobertura ao grupo que ficou conhecido como Setembro Negro. Onze atletas israelenses foram assassinados nesse epsódio.
Uma vez instalado no governo do país, Qadhafi declara ilegais as bebidas alcoólicas e os jogos de azar. Exige e obtém a retirada americana e inglesa de bases militares, expulsa as comunidades judaicas e aumenta decididamente a participação das mulheres na sociedade. Além disso, retira da Líbia todos os americanos vindos através da aliança entre Idris I e os EUA, fecha danceterias, bordéis e bares instalados pelos americanos, impondo a toda Líbia o respeito aos preceitos morais do islamismo. Proibiu a exportação de petróleo para os EUA e confisca propriedades internacionais.

VAMOS PENSAR UM POUCO?

O território em questão está de frente para o Mar Mediterrâneo, sendo portanto um caminho para caminhos necessários, economicamente falando. Tem uma população pequena e uma produção petrolífera considerável.
Por mais que as ditaduras sejam formas de governo medíocres e deveriam ser passado, já que a democracia impera nos discursos de '' bem-viver '' da humanidade, ainda vale vasculhar todas as grandes questões que envolvem a tomada de poder na Líbia e a queda do dito cujo governante.
Os vestibulares podem perguntar sobre tais questões, para avaliar a capacidade crítica dos candidatos. Então, vale pensar por vários ângulos antes de defender uma tese, com argumentos convincentes e sensatos..

FICA AQUI A DICA ... BONS ESTUDOS